A vida no interior: um convite para desacelerar! Será?
- Milca Neves Tavares
- 25 de fev.
- 2 min de leitura
Atualizado: 27 de fev.
Todo mundo sabe ou imagina que a agitação da vida nas cidades grandes dá lugar nos interiores à calmaria e a uma tranquila atividade econômica e social, mas indo mais a fundo na reflexão sobre o dia a dia nesses lugares, alguns detalhes importantes se destacam e trazem questionamento sobre o senso comum.

Imagem: Bezerros/PE
Como a gente é de grandes centros, uma das coisas que mais começou a atrair a nossa atenção quando saíamos deles foi o quanto é diferente se viver nas cidades grandes e no interior, mesmo quando não estamos tratando de áreas rurais.
Fazendo alguns trabalhos que tinham o objetivo de movimentar a economia e o acesso à renda pelas pessoas nos interiores, pudemos passar e viver algum tempo em pequenas cidades de estados do sudeste, do norte, do nordeste e do sul e vimos alguns detalhes sobre a vida nos interiores que são muito interessantes e eram inimagináveis para nós das grandes cidades sudestinas até então:
Tem lugares do país onde a água e a energia chegaram há menos de 20 anos! Você, com mais de 30, consegue imaginar como teria sido a sua infância sem banho quente ou TV (celular então, nem se fale)?
Em muitos lugares, o acesso a alguns serviços só está disponível em outras cidades, por isso para se chegar até eles é preciso uma boa dose de planejamento. Imagine quando você ou alguém da sua família tem alguma questão de saúde mais complexa...
Tem viagens em algumas regiões do Brasil que podem levar 8 a 10 dias. Você já se imaginou passando 8 dias do seu mês se deslocando por um rio para ir a algum lugar? A noção de tempo nesses lugares acaba sendo totalmente diferente da que se tem nos grandes centros.
O dinheiro, geralmente, não circula o mês todo e o consumo acaba ficando concentrado nos períodos próximos às datas que as pessoas recebem seus salários e aposentadorias. Imagine o aperto das pessoas, inclusive dos comerciantes, como o cara do mercadinho, do açougue, da padaria, no final do mês...
Esses desafios estão longe de garantir uma vida tranquila, leve e desacelerada para as pessoas!
Eles têm feito muita gente sair das suas cidades natais ou das cidades natais do seus pais sem desejo de voltar e seguem levando muita gente para os grandes centros, muitas vezes, quase sem suporte para tentar construir uma nova vida.
Dá para entender, não é? Para quem não é apaixonado pelas coisas boas do interior, que incentivos eles têm para ficar?
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