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Por que o Brasil ainda tem tanta desigualdade no acesso à educação?

Enquanto alguns grupos avançam para o ensino superior, milhões de brasileiros sequer concluem o ensino médio. Dados recentes revelam quem chega lá e quem é sistematicamente deixado para trás.



Vamos por partes.

 


Brasil x países da OCDE: um abismo no ensino superior

 

O Brasil não é membro pleno da OCDE, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, mas participa como país parceiro e está em processo de adesão. A OCDE é formada por quase 40 países que atuam juntos para promover o crescimento econômico, o comércio e o bem-estar social, funcionando como uma plataforma de troca de experiências e boas práticas.


A maioria dos integrantes da organização são nações ricas — como Estados Unidos, Japão, Alemanha, França e Canadá — por isso, é fácil imaginar que o Brasil esteja mal posicionado em análises comparativas de dados sociais, uma vez que é um país em desenvolvimento.





Com a educação não é diferente. Segundo dados do IBGE de 2022, quando o assunto é a proporção de adultos com ensino superior completo, apenas 19,9% das pessoas entre 25 e 64 anos no Brasil concluíram esse nível de ensino — contra mais de 60% no Canadá e mais da metade da população em países como Japão, Irlanda e Coreia.


A média entre os países da OCDE é de 40,6%, segundo dados da organização também de 2022. Ou seja, o Brasil tem menos da metade desse percentual.





Esse dado, por si só, já mostra o quanto o ensino superior no Brasil ainda é um privilégio para poucos. Mas o buraco é ainda mais fundo quando olhamos para os acessos por grupos.

 


Raça e gênero: as barreiras dentro da barreira


Quando analisados os dados por raça e gênero, a desigualdade na educação brasileira fica ainda mais evidente. Segundo o Censo Demográfico de 2022 do IBGE, apenas 8,9% dos homens negros (grupo composto por homens pretos e pardos) tinham completado o ensino superior, contra 26,1% das mulheres brancas. É quase três vezes menos.


Entre as mulheres negras, a taxa é de 13,1%, e entre os homens brancos, de 21,1%.





Essas distâncias mostram como o acesso ao ensino superior por raça e gênero no Brasil ainda é moldado por fatores estruturais. Além do desafio de entrar na universidade — que é difícil para todos — há quem precise vencer obstáculos muito mais profundos, como a falta de acesso à educação básica de qualidade, a pobreza e o racismo, para depois ter a chance de tentar.

 


Para além do ensino superior: a realidade educacional da população adulta no Brasil


Considerando a população brasileira com mais de 25 anos, o cenário é preocupante:

·         35% da população não completou nenhum nível de ensino formal — ou seja, mais de 1 em cada 3 brasileiros adultos;

·         32% terminam o ensino médio e depois param de estudar;

·         14% param de estudar depois de terminar o ensino fundamental.


Isso quer dizer que quase metade da população adulta brasileira não tem ensino médio completo — um dado alarmante sobre o nível de escolaridade no Brasil.

 


O que isso quer dizer?


Esses dados revelam histórias de sonhos adiados e de desigualdades perpetuadas pelo sistema educacional.


Um país que não garante o direito à educação pública e inclusiva de qualidade para todos está, na prática, bloqueando o acesso a outras oportunidades — como empregos melhores, maior renda e participação mais ativa na sociedade.


Investir em educação pública, gratuita, inclusiva e de qualidade é uma necessidade urgente.

Se você acha que isso não te afeta, pense de novo. A desigualdade educacional no Brasil limita o desenvolvimento do país. Não é um problema dos outros — é um desafio coletivo.

 

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Fontes:


IBGE. Censo Demográfico 2022.

OCDE. Share of people with tertiary education in OECD and affiliated countries, by countries (25–64 years old).

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