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Como o IBGE calcula a taxa de desemprego e outros índices sobre trabalho

Atualizado: 23 de mai.

Sabe como se calcula a taxa de desemprego? O que são os desalentados na busca por trabalho? Qual é a diferença entre a taxa de participação na força de trabalho e o nível de ocupação? Conheça aqui os principais indicadores de emprego acompanhados no Brasil pelo IBGE.


Estrutura do mercado de trabalho IBGE

O quadro mostra como o IBGE classifica a população de mais 14 anos de idade de acordo com a sua atividade. O Instituto divide a população maior de 14 anos em dois grandes grupos: pessoas na força de trabalho e pessoas fora da força de trabalho.


Quando vi pela primeira vez essa tabela me veio uma pergunta imediatamente, por que pessoas acima de 14 anos?



Por que o IBGE considera pessoas tão jovens (a partir de 14 anos) na força de trabalho?


Isso acontece porque no Brasil, apesar de a idade mínima permitida para se trabalhar ser 16 anos, o artigo 428 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) permite que adolescentes a partir de 14 anos trabalhem como jovens aprendizes.


Tem algumas regras para que o adolescente possa ser empregado nesta modalidade:

  • o aprendiz deve estar matriculado em um programa de aprendizagem formal que combine trabalho prático e formação teórica;

  • o programa deve ter duração máxima de dois anos;

  • o aprendiz tem uma jornada reduzida de, no máximo, 6 horas diárias;

  • o aprendiz não pode trabalhar em período noturno (entre 22h e 5h).


Então aquela tabela lá de cima poderia ser mostrada dessa forma abaixo para enxergarmos toda a população brasileira e onde está a força de trabalho em cada classificação:


IBGE _ Classificações do mercado de trabalho


Pessoas dentro da força de trabalho


As pessoas que estão dentro da força de trabalho no Brasil são aquelas ocupadas ou desocupadas. O IBGE considera ocupada aquela pessoa que trabalhou pelo menos uma hora durante um período estipulado pela entrevista (esse trabalho deve ser remunerado ou para ajudar no negócio de um membro da família) ou, ainda, a pessoa que tem trabalho remunerado, mas está temporariamente afastada.


os desocupados são aqueles que não estão trabalhando no momento e estão buscando uma oportunidade de trabalho, por exemplo, pessoas que entregaram currículo em empresas ou se cadastraram em agências de emprego. O IBGE também considera as pessoas que não estão mais buscando um trabalho, pois já encontraram e ainda vão começar a trabalhar.



Ocupação não é necessariamente emprego formal


É importante destacar que, de acordo com o IBGE, qualquer pessoa que tenha trabalhado pelo menos uma hora durante o período estipulado pela entrevista da PNAD Contínua já pode ser considerada ocupada. A metodologia separa, então, os ocupados que trabalham plenamente as 40 horas semanais e os subocupados, que não trabalham o número de horas suficientes.


Sendo assim, a população ocupada se refere a:

  • empregados (do setor público ou privado, com ou sem carteira de trabalho assinada, ou estatutários),

  • trabalhadores autônomos (que trabalham por conta própria),

  • empregadores,

  • trabalhadores domésticos (com ou sem carteira de trabalho assinada), e

  • trabalhadores familiares auxiliares (pessoas que ajudam no trabalho de seus familiares sem remuneração).



Pessoas fora da força de trabalho


O restante da população com idade para trabalhar está, portanto, fora da força de trabalho. São pessoas que não estão trabalhando, mas também não estão procurando emprego ou não estão disponíveis para trabalhar (não têm condições de trabalhar por alguma razão).


Dentro desse grupo estão:

  • aqueles que realmente não querem e/ou não precisam trabalhar, como os aposentados que já têm renda suficiente para viver, jovens que estão estudando e não precisam trabalhar, donas de casa que não trabalham de forma remunerada fora de casa, entre outros.

  • aqueles que estão fora da força de trabalho, mas que gostariam de trabalhar, como pessoas que desistiram de procurar trabalho porque não conseguem encontrar, jovens sem experiência, idosos que querem, mas não encontram mais espaço no mercado de trabalho ou ainda pessoas que não encontraram trabalho na sua localidade. Essa é a chamada população desalentada.



Os desalentados


São as pessoas que se encontrassem um trabalho estariam disponíveis para assumir as posições, mas que por algum motivo desistiram de buscar, como destaca esse depoimento de uma pessoa desalentada que procurou novas oportunidades, sem êxito, durante três anos (segundo reportagem da agência IBGE de notícias - link):


"Eu colocava currículo para trabalhar em lojas, shoppings, em vagas de caixa, telemarketing, e não era chamada. Acredito que tenha sido pela falta de experiência, já que eu trabalhei apenas em uma empresa, como jovem aprendiz”



Força de trabalho potencial


De acordo com o IBGE, são todas as pessoas que não estão na força de trabalho, mas têm um potencial para serem integradas a esta força. São os desalentados e as pessoas indisponíveis para trabalhar no momento em que foram entrevistadas.



Subocupados por insuficiência de horas trabalhadas


São pessoas ocupadas, porém com jornada de trabalho menor de 40 horas semanais. São pessoas que gostariam de trabalhar mais horas e estão disponíveis para trabalhar mais tempo.



INDICADORES DE EMPREGO DO IBGE



Taxa de desemprego


O IBGE divulga esse dado a partir da PNAD Contínua, mostrando quantos desempregados há no Brasil. O que é conhecido popularmente como “desemprego” aparece no conceito de “desocupação”.


Como mostra a tabela abaixo, a taxa de desemprego ou de desocupação é o percentual de pessoas desocupadas (bloco destacado em vermelho no quadro abaixo) em relação às pessoas na força de trabalho (bloco destacado em verde no quadro):

taxa de desemprego

Essa metodologia é usada pela OIT (Organização internacional do Trabalho), agência da Organização das Nações Unidas, a ONU, para promoção da justiça social e do trabalho descente. A padronização é fundamental para que se possa comparar dados de desemprego entre países e regiões.



Programas sociais e a taxa de desemprego

Os benefícios de programas sociais, como por exemplo, o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e até o Seguro Desemprego podem ser disponibilizados para pessoas ocupadas, desocupadas ou fora da força de trabalho.


Pode acontecer de beneficiários do Seguro Desemprego, por exemplo, estarem trabalhando na informalidade (como motoristas de aplicativo ou no comércio ambulante) e, dessa forma, serem classificados como ocupados. Pode acontecer também de beneficiários do Bolsa Família estarem trabalhando e, mesmo assim, terem uma renda familiar baixa ao ponto deles continuarem tendo o direito ao programa.


Isso quer dizer que o IBGE não exclui e nem incluí beneficiários de programas sociais do cálculo do desemprego pelo fato de serem beneficiados. Cada pessoa que recebe um benefício será classificada de acordo com a sua situação em relação ao mercado de trabalho.



Taxa de participação na força de trabalho


É o percentual de pessoas que estão na força de trabalho (bloco destacado em verde mais claro no quadro abaixo) em relação ao total das pessoas em idade de trabalhar (bloco destacado em verde mais escuro no quadro).


taxa-de-participação-na -força-de-trabalho

Nível de ocupação


É o percentual de pessoas ocupadas (bloco destacado em verde mais claro no quadro abaixo) em relação ao total de pessoas em idade de trabalhar (bloco destacado em verde mais escuro no quadro).


nível-de-ocupação

Nível de desocupação


É o percentual de pessoas desocupadas  (bloco destacado em vermelho no quadro abaixo) em relação ao total de pessoas em idade de trabalhar (bloco destacado em verde mais escuro no quadro).


Repare que esse indicador é diferente da taxa de desemprego, os dois índices tratam das pessoas que estão buscando um trabalho no momento que a pesquisa é feita, mas o nível de desocupação mede o percentual dessas pessoas em relação ao total das pessoas em idade para trabalhar e não somente sobre a força de trabalho. A perspectiva do "nível de desocupação" leva em consideração também as pessoas que estão fora da força de trabalho.


Nível-de-desocupação

Taxa de subutilização da força de trabalho


A taxa de subutilização é o total da força de trabalho que não está sendo aproveitado pela sociedade. São pessoas que têm potencial para trabalhar, mas não estão trabalhando ou, pelo menos, não 100% das horas que poderiam ou gostariam. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) recomenda que essa métrica englobe os "desocupados", os subocupados por insuficiência de horas e aquelas pessoas que estão na força de trabalho potencial.


Esse indicador é calculado em relação à força de trabalho ampliada, que são todas as pessoas que estão na força de trabalho (ocupadas e desocupadas) somadas a com a força de trabalho potencial. A tabela abaixo nos ajuda em entender melhor: a taxa de subutilização considera todos os grupos destacados no quadro rosa.


subutilização-da-força-de-trabalho



Fontes:


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